Homenagem ao dia da minha Profissão


Arquitetura

A arquitetura do grego αρχή [arkhé] significando "primeiro" ou "principal" e τέχνη [tékhton] significando "construção" refere-se à arte ou a técnica de projetar e edificar o ambiente habitado pelo ser humano. Neste sentido, a arquitetura trata destacadamente da organização do espaço e de seus elementos: em última instância, a arquitetura lidaria com qualquer problema de agenciamento, organização, estética e ordenamento de componentes em qualquer situação de arranjo espacial. No entanto, normalmente a arquitetura associa-se diretamente ao problema da organização do homem no espaço e principalmente no espaço urbano.
A arquitetura como atividade humana existe desde que o homem passou a se abrigar das intempéries. Uma definição mais precisa da área envolve todo o projeto do ambiente construído pelo homem, o que engloba desde o desenho de mobiliário até o desenho da paisagem, da cidade e da região. Neste percurso, o trabalho de arquitetura passa necessariamente pelo desenho de edificações, como prédios, casas, igrejas, palácios, entre outros edifícios. Segundo este ponto de vista, o trabalho do arquiteto envolveria, portanto, toda a escala da vida do homem, desde a manual até a urbana.
                Arquitetura é música petrificada (Johann Wolfgang von Goethe)

O espaço interno como protagonista da arquitetura

Primeiramente, a arquitetura se manifesta de dois modos diferentes: a atividade como arte, o campo de trabalho do arquiteto e o resultado físico sendo o conjunto construído de um arquiteto, de um povo e da humanidade como um todo.
A arquitetura enquanto atividade é um campo multidisciplinar, incluindo em sua base a matemática, as ciências, as artes, a tecnologia, as ciências sociais, a política, a história, a filosofia, entre outros. Sendo uma atividade complexa, é difícil concebê-la de forma precisa, já que a palavra tem diversas acepções e a atividade tem diversos desdobramentos.
Atualmente, o mais antigo tratado arquitetônico de que se tem notícia, e que propõe uma definição de arquitetura, é o do arquiteto romano Marco Vitrúvio Polião. Em suas palavras:

"A arquitetura é uma ciência, surgindo de muitas outras, e adornada com muitos e variados ensinamentos: pela ajuda dos quais um julgamento é formado daqueles trabalhos que são o resultado das outras artes."

A definição de Vitrúvio, apesar de inserida em um contexto próprio, constitui a base para praticamente todo o estudo feito desta arte, e para todas as interpretações até a atualidade. Ainda que diversos teóricos, principalmente os da modernidade, tenham conduzido estudos que contrariam diversos aspectos do pensamento vitruviano, este ainda pode ser sintetizado e considerado universal para a arquitetura, principalmente quando interpretado, de formas diferentes, para cada época, seja a atividade, seja o patrimônio.
Vitrúvio declara que um arquiteto deveria ser bem versado em campos como a música, a astronomia, etc. A filosofia, em particular, destaca-se: de fato quando alguém se refere à "filosofia de determinado arquiteto" quer se referir à sua abordagem do problema arquitetônico. O racionalismo, o empirismo, o estruturalismo, o pós-estruturalismo e a fenomenologia são algumas das direções da filosofia que influenciaram os arquitetos.
A interpretação de Leonardo da Vinci do homem de Vitrúvio. Esta obra sintetiza uma série de ideais a respeito da relação do homem com o universo. Da mesma forma, ela está associada à arquitetura, tanto quanto um instrumento de projeto quanto como um símbolo.

A obra de Vitrúvio

Definem-se quatro os elementos fundamentais da arquitetura: a firmitas (que se refere à estabilidade, ao carácter construtivo da arquitetura/resistência), a utilitas (que originalmente se refere à comodidade e ao longo da história foi associada à função e ao utilitarismo), a venustas (associada à beleza e à apreciação estética) e o decorum (associado à dignidade da arquitetura, à necessidade de rejeição dos elementos supérfluos e ao respeito das tradições/ordens arquitetônicas).
Desta forma, e segundo este ponto de vista, uma construção passa a ser chamada de arquitetura quando, além de ser firme e bem estruturada (firmitas), tem que possuir uma função (utilitas), respeitar as ordem clássicas (decorum) e for, principalmente, bela (venustas). Há que se notar que Vitrúvio contextualizava o conceito de beleza segundo os conceitos clássicos. Portanto, a venustas foi, ao longo da história, um dos elementos mais polémicos das várias definições da arquitetura.

Definição moderna

Uma definição precisa de arquitetura é impossível, como já foi ressaltada dada a sua amplitude. Como as demais artes e ciências, ela passa por mudanças constantes. No entanto, o excerto a seguir, escrito por Lúcio Costa, costuma gozar de certa unanimidade quanto à sua abrangência.

"Arquitetura é antes de mais nada construção, mas, construção concebida com o propósito primordial de ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade e visando a determinada intenção. E nesse processo fundamental de ordenar e expressar-se ela se revela igualmente e não deve se confundir com arte plástica, porquanto nos inumeráveis problemas com que se defronta o arquiteto, desde a germinação do projeto, até a conclusão efetiva da obra, há sempre, para cada caso específico, certa margem final de opção entre os limites - máximo e mínimo - determinados pelo cálculo, preconizados pela técnica, condicionados pelo meio, reclamados pela função ou impostos pelo programa, - cabendo então ao sentimento individual do arquiteto, no que ele tem de artista, portanto, escolher na escala dos valores contidos entre dois valores extremos, a forma plástica apropriada a cada pormenor em função da unidade última da obra idealizada.
A intenção plástica que semelhante escolha subentende é precisamente o que distingue a arquitetura da simples construção."

Esta definição é entendida como um consenso, pois ela resume praticamente toda uma metade de século de pensamento arquitetônico: a visão de Lúcio Costa sintetiza as várias teorias propostas por arquitetos pertencentes à arquitetura moderna. Dado que o moderno procurou se colocar não como mais um entre vários estilos, mas como efetivamente a arquitetura, e sua visão de mundo tornaram-se predominante, ela tornou-se por fim um consenso. A teorização proposta pela arquitetura moderna engloba, no entanto, também toda a arquitetura produzida antes dela, já que ela manifesta claramente que a arquitetura surge de um programa, incorporando as variáveis sociais, culturais, económicas e artísticas do momento histórico. Na medida em que os momentos históricos são heterogêneos, a definição moderna da arquitetura não ilegítima nenhuma outra manifestação histórica, mas ativamente combate a cópia de outros momentos históricos no momento contemporâneo.
Quando se pensa em algum tipo de classificação dos diferentes produtos arquitetônicos observados no tempo e no espaço, é muito comum, especialmente por parte de leigos, diferenciar os edifícios e sítios através da ideia de que eles possuem um estilo diverso um do outro.
Tradicionalmente, a noção de estilo envolve a apreensão de certo conjunto de fatores e características formais dos edifícios: ou seja, a definição mais primordial de estilo é aquela que o associa à forma da arquitetura, e principalmente seus detalhes estético-construtivos. A partir desta noção, parte-se então, naturalmente, para a ideia de que diferentes estilos possuem diferentes regras. E, portanto, estas regras poderiam ser usadas em casos específicos. A arquitetura, enquanto profissão, segundo este ponto de vista, estaria reduzida a uma simples reunião de regras compositivas e sua sistematização.
Esta é uma ideia que, após os vários movimentos modernos da arquitetura e mesmo os pós-modernos, que voltaram a debater o estilo tornou-se ultrapassada e apaixonadamente combatida. A arquitetura, pelo menos no plano teórico e acadêmico, passou a ser entendida através daquilo que efetivamente a define: o trabalho com o espaço habitável. Aquilo que era considerado estilo passou a ser chamado simplesmente de momento histórico ou de escola. Apesar de ser uma ruptura aparentemente banal, ela se mostra extremamente profunda na medida em que coloca uma nova variável: se não valem mais as definições historicistas e estilísticas da arquitetura, o estilo deixa de ser um modelo amplamente copiado e passa a ser a expressão das interpretações individuais de cada arquiteto ou grupo de arquitetos, daquilo que ele considera como arquitetura.
Portanto, se é possível falar em um estilo histórico (barroco, clássico, gótico, etc.), também torna-se possível falar em um estilo individual (arquitetura Wrightiana, Corbuseana, etc).


Arquiteto


Um arquiteto é o profissional responsável pelo projeto, supervisão e execução de obras de arquitetura. Embora esta seja sua principal atividade, o campo de atuação de um arquiteto envolve todas as áreas correlatas ao controle e desenho do espaço habitado, como o urbanismo, o paisagismo, e diversas formas de design.

Na maior parte dos países do mundo a legislação exige que para que alguém possa ser considerado um arquiteto, este deve possuir um diploma de nível superior.
A palavra arquiteto vem do grego arkhitektôn que significa "o construtor principal" (arqui = principal / tectônica = construção) ou "mestre de obras". A compreensão desta etimologia, porém, pode ser expandida na medida em que a palavra arché deixa de ser entendida como "principal" e passa a ser analisada como "princípio". Desta forma, o arquiteto seria o construtor primordial e fundamental, seu próprio arquétipo: ou seja, o arquiteto é o construtor ideal. Existe também outra interpretação onde o significado do prefixo "arch" "arq" pode ser entendido "mais que" ou "além de" assim "arquiteto" é "mais que construtor" e "arquitetura" é "mais que construção". Existe ainda a associação de "tectum" com "pedra" e seria então aí depois a associação com construção.
Até ao Renascimento, não havia distinção entre a atividade de projeto e a execução do mesmo, estando todas as atividades subordinadas à mesma figura: o mestre-construtor. A partir deste momento, o arquiteto surge como figura solitária, separando-se o intelectual do operário, de forma que a palavra passa a assumir os sentidos que possui atualmente.

Profissão No Brasil

A profissão de arquitetura no Brasil é regularizada e fiscalizada pelo Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia e pelos seus Conselhos Regionais (CREAs), os quais determinam que apenas profissionais que possuam o diploma de bacharelado em Arquitetura e Urbanismo podem exercer a profissão e autodenominar-se arquitetos e urbanistas. A profissão é regulamentada como sendo a de Arquiteto e Urbanista, não sendo reconhecida por parte do Conselho e, em extensão, por parte do poder público a formação separada das duas disciplinas. Os primeiros CREAs foram fundados na década de 1930, juntamente da regulamentação da profissão.
O sistema de regulamentação profissional foi oficializado em 1933, através da fundação do primeiro CREA no Rio de Janeiro. Porém, a profissão existe formalmente no país desde a fundação da Escola Nacional de Belas Artes, também no Rio de Janeiro, no início do século XIX. Anteriormente, não existia formação oficial de arquitetos no país, de forma que os profissionais existentes ou haviam estudado na Europa ou foram aprendizes de Corporações de Ofícios ou de indivíduos isolados existiram também os autodidatas, como Aleijadinho.

Histórico da profissão no Brasil

Embora existam indivíduos, como Aleijadinho, que na história da arquitetura brasileira formaram-se arquitetos por autodidatismo ou por formas de aprendizado que não a formação acadêmica, a consolidação do profissional arquiteto e urbanista no Brasil se deu efetivamente com a consolidação das escolas de arquitetura. Durante o século XIX, a maior parte dos profissionais possuía formação de engenheiro-arquiteto, figura profissional histórica, relacionada com a arquitetura eclética, como o paulista Ramos de Azevedo cuja formação se deu na Bélgica. Arquitetos formados no contexto das escolas de Belas-Artes eram relativamente poucos, devido à atuação isolada da Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro.
Durante a década de 1930 a profissão passou por um primeiro momento de valorização com a criação dos CREAs (Conselhos regionais de Engenharia e Arquitetura). A partir da década de 1950 consolidam-se as escolas de arquitetura e urbanismo, cujos currículos eram influenciados pela arquitetura moderna, e elas se difundiram nas décadas seguintes.
A atuação profissional passou por diferentes perfis durante este percurso. Até meados da década de 1970 o arquiteto caracterizava-se essencialmente como profissional liberal, trabalhando em autonomia ou em sociedade em escritórios ou ateliês. A partir daí há um aumento do número de profissionais que se tornam trabalhadores assalariados, envolvidos com o contexto do milagre econômico, da burocracia estatal do Regime Militar e das grandes empresas de engenharia que foram criadas pelas novas demandas surgidas com os investimentos governamentais em infraestrutura. Com a crise econômica surgida na década de 1980 e o desmonte das estruturas estatais, tal contexto sofrerá igualmente um desmonte.
Nas décadas de 1980 e 90 surgiram também formas de atuação relacionadas com cooperativas de arquitetos e organizações não governamentais. A atuação liberal, porém, é considerado um mercado saturado nas grandes metrópoles.


Fontes
COLL, César, TEBEROSKY, Ana. Aprendendo Arte. São Paulo: Ática, 2000.
LEMOS, Carlos A. C. O que é Arquitetura. São Paulo: Brasiliense, 2003.
GOITIA, Fernando Chueca. (Org.). História Geral da Arte: Arquiterura I. Espanha: Ed. Del Prado, 1995.
COSTA, Lúcio, Arquitetura; São Paulo: José Olympio, 2002.
RASMUSSEN, Esteen Eiler; Arquitetura vivenciada; São Paulo: Martins Fontes, 2002.
ZEVI, Bruno; Saber ver a arquitetura; São Paulo: Martins Fontes, 2002
ARGAN, Giulio Carlo; Arte moderna; São Paulo: Companhia das Letras, 1998.


Homenagem


Homenagem Justa aos três grandes times do estado, que nesse ano foram mais que vitoriosos!

Longe de qualquer rivalidade pudemos concluir que o ano de 2011 foi o ano de Pernambuco, nesse ano a gente pode observar um clube de massa e do povo sair da última divisão do campeonato brasileiro e vencer um título regional depois de anos de sofrimento e consecutivos rebaixamentos além de conseguir uma vitória importante sobre um dos maiores clubes do mundo (São Paulo) com cerca de 50 mil espectadores e de vencer três vezes o seu principal rival mesmo com toda diferença financeira das equipes, claro que estamos falando do Santa Cruz. Podemos também observar um clube que há anos não consegue um título importante, mesmo assim formou um elenco de série A e conseguiu finalizar uma competição disputadíssima que é a série B sem perder um jogo em casa que no caso é o Náutico. E por último pudemos observar um clube que não conseguiu durante o ano demonstrar um futebol há altura do elenco que tem, mesmo assim, conquistou uma classificação que poderíamos apontar como histórica, na raça e na vontade se fomos levar as circunstâncias que o Sport passava no campeonato. Então, mais uma vez podemos ver que essa classificação do Santa Cruz, Náutico e Sport apesar da rivalidade foi um ponto para Pernambuco, um salto para mostrar para tudo e para todos lá fora que aqui ainda existe futebol.
Parabéns, Pernambuco, enfim esse ano é só alegria para a torcida do nosso estado, se divirtam e comemorem sem violência e muita PAZ!

Santa Cruz Futebol Clube
O Santa, como é chamado, ostenta entre as suas principais conquistas, 25 títulos estaduais (dentre os 25 títulos possui 3 Super-Campeonatos, sendo o único Tri-Super Campeão pernambucano), 1 Taça Norte-Nordeste e o prêmio de Fita Azul do Brasil em 1980, já tendo sido semifinalista do Campeonato Brasileiro na década de 1970, sua fase áurea.
Possui rivais históricos, como o Sport Club do Recife, com o qual protagoniza o Clássico das Multidões; o Clube Náutico Capibaribe, com quem disputa o Clássico das Emoções; e o América, contra quem joga o Clássico da Amizade.
Tendo sido criado por um grupo de 11 meninos do Recife, a ideia do nome "Santa Cruz" adveio em razão do pátio da Igreja de Santa Cruz, onde este grupo de jovens, com idades entre 14 e 16 anos, costumava jogar futebol - afinal, naquela época não existiam campos.
Os fundadores do clube reuniram-se na Rua da Mangueira n° 2, distrito da Boa Vista, por volta das 19 horas. Estiveram presentes os senhores Quintino Miranda Paes Barreto, José Luiz Vieira, José Glacério Bonfim, Abelardo Costa, Augusto Flankin Ramos, Orlando Elias dos Santos, Alexandre Carvalho, Oswaldo dos Santos Ramos e Luiz de Gonzaga Barbalho Uchôa Dornelas Câmara.
O primeiro adversário do Santa Cruz foi o Rio Negro, na campina do Derby, onde foi atraído um bom público para ver jogar o "time dos meninos". O time, apesar de acostumado a jogar somente nas ruas, não estranhou o campo e conseguiu uma fácil vitória pelo placar de 7 a 0. A equipe era formada por: Waldemar Monteiro; Abelardo Costa e Humberto Barreto; Raimundo Diniz, Osvaldo Ramos e José Bonfim; Quintino Miranda, Sílvio Machado, José Vieira, Augusto Ramos e Osvaldo Ferreira.
O Rio Negro, não conformado com a goleada sofrida, pediu revanche, chamando o jogo para o seu campo, localizado na Rua São Borja, impondo ainda uma condição: o centroavante Sílvio Machado, do Santa Cruz, não poderia atuar, porque tinha sido o melhor jogador em campo na primeira partida, tendo marcado 5 dos 7 gols do Santa Cruz. O time tricolor aceitou a condição e escalou Carlindo para substituir o seu artilheiro. Ao final do jogo, o placar apontava 9 a 0 para o Santa Cruz, tendo Carlindo assinalado seis gols.
Treinando sempre com a bola que José Luis Vieira ajudou a comprar por 8.500 réis, o Santa viria depois a conquistar mais uma sensacional vitória sobre um time famoso da cidade, na época: o Western Telegraph Company, composto exclusivamente por jogadores ingleses que trabalhavam no Recife.
Como não podia ser diferente, o Santa Cruz passou por momentos de crises e, em um desses momentos, mais precisamente em 1914, foi proposto por um dos fundadores em uma reunião, o gasto dos únicos seis mil réis existentes em caixa na compra de uma máquina elétrica de fazer caldo de cana (o que era sucesso na época, na Rua da Aurora). Foi quando Alexandre de Carvalho deu um murro em cima da mesa, evitando com esse gesto de revolta o fechamento do clube.
Como foi fundado por representantes da classe média, o Santa Cruz sempre foi um clube popular, aceitando inclusive negros no time (o primeiro foi Teófilo Batista de Carvalho, conhecido popularmente por Lacraia), coisa rara nesta época. Era mais um passo para a popularização do clube, numa época em que o futebol ainda era um esporte fechado, praticado por rapazes da elite ou por funcionários das várias companhias inglesas que funcionavam na cidade do Recife.
Logo, os torcedores pernambucanos tomaram conhecimento das façanhas de Pitota e Tiano (o médico Martiniano Fernandes), que em dado momento tornou-se para os recifenses mais importante do que Santos Dumont, o pai da aviação. No dia 30 de janeiro de 1919, Dumont transitava pela capital pernambucana, mas a cidade só comentava sobre a vitória tricolor sobre o Botafogo – a primeira de um time do Nordeste sobre uma equipe do Rio de Janeiro – por 3 a 2. Tiano marcou dois gols e o "Jornal Pequeno", da segunda-feira, 31, dizia: "O Botafogo Futebol Clube é derrotado pelos "meninos" cá de casa pelo escore de 3 a 2".
O clube entrou na Liga em 1917 e chegou às finais, mas perdeu para o Flamengo-PE. Em 1931, mais precisamente a 13 de dezembro, o Santa fazia seu pavilhão espraiar-se por todo Pernambuco, quando, depois de uma bela campanha, derrotava o Torre por 2 a 0, gols de Valfrido e Estêvão e sagrava-se campeão estadual pela primeira vez. Entre os campeões, duas figuras lendárias no futebol pernambucano: o centroavante Tará e Sherlock. Os heróis do primeiro título do Santa foram: Dada, Sherlock e Fernando; Doía, Julinho e Zezé; Walfrido, Aluízio, Neves, Tara, Lauro e Estevão, João Martins e Popó. Este time conseguiu também o título de 1935.
Na década de 1970, a torcida tricolor teve mais um motivo para comemorar: a inauguração do Arruda. O estádio, cujo terreno havia sido posto à venda em 1952 pelo proprietário do terreno, recebeu o nome de José do Rego Maciel, por ter sido este o prefeito na época em que o Santa recebeu da prefeitura a posse definitiva do terreno, em 1954. Somente em 1965, com a venda de cadeiras cativas e títulos patrimoniais é que o Tricolor começou a construir seu estádio.
Em 1980, o Santa conquistou o título de Fita Azul do Brasil, que foi dado pela CBF ao Santa Cruz por ter feito uma excursão no exterior sem perder nenhuma partida. A excursão aconteceu durante o mês de março e o time tricolor enfrentou adversários do Oriente Médio (Seleções de diversos países como Kuait, Catar, Arábia) e da Europa (Paris Saint-Germain e Seleção da Romênia).
Nos anos 1980 os tricolores foram campeões da década, levantando o Campeonato Pernambucano por quatro vezes, em 1983 (Tri Supercampeonato), em 1986, em 1987 e em 1990, último ano desta década.
Considerada a maior torcida do Nordeste e uma das maiores torcidas do Brasil, a torcida do Santa Cruz ficou bastante conhecida no País, pela fama de apaixonada pelo clube, em 2007, o Santa Cruz caiu para Série C, com uma média de público de 28mil torcedores, no ano seguinte em 2008 na Série C, o Tricolor teve uma média de 22mil, e mais uma vez o clube rebaixado para a Série D em 2009, a média do Santa Cruz foi de 38mil, a segunda maior média de público do País em toda as divisões, em 2010 o time jogou a Série D, e teve uma média de 30mil torcedores, a maior média de público do País, em 2011 a torcida do Santa deu show, com os maiores públicos do Brasil o Tricolor mostra para o Brasil que tem uma das melhores torcida que um clube pode ter.

Clube Náutico Capibaribe
Apesar de a data oficial de fundação ser 7 de abril de 1901, já se falava no Clube Náutico Capibaribe desde o século anterior, quando dois grupos rivais de remadores recifenses se uniram. No início de tudo, em 1897, um grupo de rapazes amantes do remo, comandados por João Victor da Cruz Alfarra, alugava barcos da antiga Lingueta, saindo em pequenas excursões até a antiga Casa de Banhos do Pina. Essas viagens alcançavam até o bairro de Apipucos.
Quando, depois de terminada a revolta dos Canudos, os recifenses preparavam-se para receber as tropas pernambucanas comandadas pelo general Artur Costa, uma vasta programação foi preparada para a recepção aos soldados. João Alfarra e alguns dos seus companheiros de proeza pelo Capibaribe foram encarregados de preparar a parte náutica da recepção, e ficou marcada uma grande regata para o dia 21 de novembro de 1897. Essa competição despertou o interesse dos recifenses, que sentiram a necessidade de fazer outras promoções do gênero. O remo começou a ganhar novos adeptos e, no ano seguinte, empregados dos armazéns das ruas Duque de Caxias e Rangel formaram uma agremiação, à qual deram o nome de Clube dos Pimpões. Os componentes do outro grupo, o que tinha brilhado na regata da recepção às tropas de Canudos, animaram-se e houve uma série de combates entre as duas turmas, em 1898, na Casa de Banhos.
No final de 1898, ficou acordada a fundação de uma outra sociedade, que congregaria os dois grupos antes mencionados: o Clube Náutico Capibaribe. Em fins de 1899, por decisão dos seus dirigentes, o clube passou por um processo de reorganização, mas manteve a fidelidade aos esportes náuticos. Nessa ocasião, seu nome foi mudado para Recreio Fluvial. Mas a nova denominação não foi do agrado de todos, resultando que, no início de 1901, foi restaurado o nome anterior – Clube Náutico Capibaribe. E, em 7 de abril de 1901, João Alfarra convocou todos os ligados ao remo para uma solenidade na qual seria lavrada e registrada a primeira ata da agremiação, data que ficou reconhecida oficialmente como a fundação do clube. O documento histórico recebeu a assinatura de todos os presentes - de Antônio Dias Ferreira, presidente da reunião, de Piragibe Haghissé, secretário, e de João Victor da Cruz Alfarra, líder do grupo e pai da ideia. As primeiras cores adotadas pelo clube foram o azul e o branco.
O futebol só apareceu no clube a partir de 1905. Só no ano seguinte, um grupo de ingleses formou o primeiro time. Suas atividades, entretanto, limitavam-se aos domingos, no campo de Santana ou na campina do Derby.
Nessa época, o Náutico ficou conhecido como "Clube dos Brancos", por não permitir negros e mestiços vestindo sua camisa - fato que, assim como em outros clubes brasileiros de origem aristocrática, seria totalmente abolido anos depois.
No Jornal Pequeno de 12 de maio de 1909 encontra-se a primeira referência ao futebol do Náutico:
Consta-nos que os rapazes do Náutico tratam de formar um eleven para bater-se com os do Sport Club
A 21 de junho de 1909, o mesmo jornal publicou o seguinte texto:
Houve ontem no magnífico ground do Derby o primeiro match-training dos estimados rapazes do Club Náutico. Às 5 horas da manhã lá estavam já todos os moços que deviam tomar parte no jogo, alegres e prontos para entrar em combate. Foram logo designados os lugares dos jogadores que tomaram lugar no match-training e dado início ao jogo. Pertencem a este team os arrojados footballers: R. Maunsell, Hermann Ledebour, João Drayer e Artur Ludgren. Os ensaios terminaram pouco depois das 8 horas da manhã, deixando a melhor impressão ao sr. R. Maunsell instructor dos moços. Serviu referee o senhor Hermann Ledebour. Damos parabéns aos rapazes do Náutico pelo bonito começo no foot-ball.
O Náutico jogou com King (goleiro), Avila (lateral direito), Smith (zagueiro central), Ivatt (quarto zagueiro), Cook (lateral esquerdo), Ramage (cabeça-de-área), H. Grant (meia-direita), Thomas (meia-esquerda), Américo Silva (ponta-direita), Maunsell (centro-avante) e João Maia (ponta-esquerda).
Em 1914, foi criada a Liga Recifense de Futebol, mas o Náutico não fez parte dela. Os seus jogadores procuraram ingressar nos outros clubes que se haviam filiado. O clube João de Barros, atual América, foi o que mais ganhou com a evasão dos jogadores do Náutico.
Em 1915, porém, sentiu-se a necessidade de criar uma nova entidade para orientar o futebol da cidade. Foi fundada dessa maneira a Liga Sportiva Pernambucana, à qual o Náutico se filiou. Com isso, os jogadores voltaram, mas o clube se manteve sem muito interesse até chegar à fase do profissionalismo, quando logo conseguiu ser campeão, em 1934, repetindo o feito em 1939, ano em que foi fundado o Estádio dos Aflitos. Nesta época brilhou Fernando Carvalheira, segundo maior artilheiro da história do Timbu até hoje, com 185 gols, além de ser o maior artilheiro em clássicos contra o Sport e terceiro maior em clássicos contra o Santa Cruz.
O tempo e a história encarregar-se-iam de provar que aquela decisão de se dedicar com mais interesse ao futebol havia sido uma decisão sábia: o Náutico, um clube laureado nas regatas desde os primeiros tempos, seria, com o passar dos anos, vitorioso também no futebol - pioneiro em Pernambuco em jogos pelo exterior, primeiro tetra, primeiro penta, primeiro e exclusivo hexacampeão pernambucano entre 1963 e 1968. Foi ainda vice-campeão da Taça Brasil em 1967, conseguindo uma participação na Copa Libertadores da América.
Na história da Taça Brasil, o Náutico chegou entre os quatro primeiros colocados por cinco vezes, ficando apenas atrás do Santos neste quesito. Nas seis edições em que participou deste torneio, o Náutico disputou 38 jogos, com 19 vitórias, 6 empates, 13 derrotas, 62 gols a favor e 46 contra. O vice-campeonato de 1967 foi a melhor colocação, com o Timbu ficando 2 vezes em terceiro e outras 2 em quarto, além do sétimo lugar em 1964, na colocação menos brilhante do Náutico na Taça do Brasil.
Considerando a terceira colocação na Copa do Brasil de 1990, por seis vezes o Náutico ficou entre os quatro mais bem colocados de torneios disputados em formato de copas nacionais, melhor performance de um clube do Nordeste, considerando este parâmetro.
Na principal competição sul-americana, o Náutico foi eliminado por um erro da Conmebol, que não havia autorizado duas substituições por jogo naquele ano, regra já estipulada pela FIFA e usada no Brasil pela CBD. O treinador do Náutico, para gastar tempo, substituiu um atleta quando o time já tinha a vitória garantida contra o Deportivo português, da Venezuela, e acabou acarretando a eliminação da equipe, com a perda dos pontos da partida, após o jogo. A equipe venezuelana acabou, então, por ganhar a vaga do Náutico no grupo e se classificar para a fase seguinte.
Na década de 1960, a melhor de sua história, o Náutico conquistaria também o título de Tricampeão da Copa Norte em 1965, 1966 e 1967, além de Campeão dos Campeões da Copa Norte em 1966. Um dos principais responsáveis por essas grandes conquistas do Náutico foi o atacante Silvio Tasso Lasalvia, o Bita, maior artilheiro da história do Timbu com 221 gols marcados em 319 jogos entre 1962 e 1971. Uma de suas grandes partidas foi contra o Santos de Pelé, no Estádio do Pacaembu, pela Taça Brasil de 1966, quando o Náutico venceu o Santos por 5 a 3, quando Bita marcou quatro gols. O alvi-rubro se manteria invicto em seu estádio por 85 jogos, com 70 vitórias e 15 empates entre 29 de novembro de 1963 e 30 de março de 1969.
Sport Club do Recife.
Guilherme de Aquino Fonseca, fundador do Sport Club do Recife, era integrante de uma rica família pernambucana. Seu pai, João d'Aquino Fonseca e sua mãe Maria Eugênia Regadas Aquino Fonseca era exigente quanto a conduta e caráter dos filhos, então, mandou Guilherme à Inglaterra para realizar seus estudos. Ele estudou na Universidade de Cambridge onde se formou engenheiro. Quando da Europa voltou, no ano de 1903, trouxe, além de sua formação, a paixão pelo futebol que era, àquela época, um esporte de elites.
A partir dos primeiros contatos com a bola, o jovem recifense começou a sonhar alto. Ao voltar, prometia a ele mesmo, que fundaria um clube de futebol, que mais tarde, viria a ser o Sport, e, com a habilidade latina, seria possível jogar melhor que os ingleses. Em breve, também poderiam existir vários outros clubes, e o futebol ganharia popularidade rapidamente, pensava Guilherme, que, com seu próprio dinheiro, comprou bolas, apitos e todo tipo de material necessário para a prática do esporte.
Em 13 de maio de 1905, ao meio-dia, no salão da Associação dos Empregados do Comércio do Recife, era fundado o Sport Club do Recife. Junto com o clube, nascia também o futebol pernambucano, já que não há registros de qualquer time de futebol no estado antes da fundação do Leão da Ilha.
Dias depois da fundação, mais precisamente em 28 de maio, foi formada a primeira diretoria do Sport, com a seguinte formação:
Presidente - Elysio Alberto Silveira, Vice-presidente - Boaventura Alves Pinho, 1º Secretário - Mário Sette, 2º Secretário - Frederico Rúfilo de Oliveira, Tesoureiro - Oscar Torres, Procurador - Alberto Amorim, Diretor de Esportes Terrestres - Guilherme de Aquino Fonseca, Diretor de Esportes Marítimos - Paulino de Miranda, Diretor da Tuna Musical - Carlos Meneses.
Guilherme de Aquino Fonseca, deixou o seguinte depoimento sobre o processo de fundação do Sport Club do Recife:
Nessa época, eu havia instalado um estabelecimento de modas, para ambos os sexos, com o maior luxo da cidade, denominado de Casa Metrópole e situado na antiga Rua Nova. Ali reuniam-se os grupos que discutiam a organização de um clube, tornando-se o ponto predileto dos portmen, como bem diz o Mário Sette, nosso primeiro secretário, no seu livro Maxambombas e Maracatus. Era o viveiro das ideias esportivas. Foi, afinal, o Sport Club do Recife, o nosso grande baluarte, organizado e, podemos dizer, fundado nesse estabelecimento comercial que, produzindo esse acontecimento, terminou sendo fechado, por isso que, moço como era (20 anos), tendo uma criação fidalga, a desconhecer o valor do dinheiro, deixei de ter as necessárias cautelas financeiras, desviando os meus cuidados e as minhas atenções da parte comercial para me entregar de corpo e alma ano nosso clube. Não seria lógico e decente a fundação de uma agremiação esportiva nos fundos de uma loja, pelo que obtivemos a gentil e generosa aquiescência do presidente da Associação dos Empregados do Recife, a fim de que os seus salões e dependências fossem abertas para honrar a primeira assembleia de instalação e fundação do Sport Club do Recife.
O clube tem um grande patrimônio, com uma estrutura formada por estádio multe equipado, centro de treinamento e garagem de remo. O Complexo Esportivo da Ilha do Retiro, com área total de 14 hectares (140.000 m²), abriga sede social, campo principal e auxiliar, apart-hotel com 12 apartamentos para concentração dos profissionais, alojamento para concentração das categorias de base, tribuna de honra, sala de imprensa, vestiários, parque aquático, parque de tênis, quadras de basquete, handebol, hóquei, futsal, vôlei, entre outros esportes. O Estádio da Ilha do Retiro, pela sua estrutura, localização, e por obedecer a padrões FIFA, é considerado o melhor estádio do Nordeste. O Rubro-negro também possui o CT do Leão, centro de treinamento esportivo destinado ao elenco profissional, às categorias de base e ao futebol feminino; além de uma tradicional garagem de remo.
No futebol, é dono de cinco títulos com chancela da CBD/CBF, referente aos anos de 1968, 1987, 1990, 2000 e 2008; sendo 3 nacionais e 2 regionais. Suas maiores glórias são o Campeonato Brasileiro de 1987 e a Copa do Brasil de 2008. Além de ser Bicampeão Nacional de elite, o Sport possui um título Brasileiro da Série B de 1990, é Campeão do Norte-Nordeste de 1968, Bicampeão do Nordeste em 1994 e 2000, e 39 vezes Campeão Pernambucano, sendo o maior vencedor da competição nos séculos XX e XXI, e maior detentor de títulos do estado. Além do futebol profissional, O Leão também possui tradição no futebol de categorias de base, no futebol feminino, e nos esportes olímpicos (em modalidades como remo, natação, hóquei, basquete, futsal, vôlei, tênis de mesa, taekwondo, judô, atletismo etc.), acumulando conquistas regionais, nacionais e internacionais.
O Rubro-negro é intitulado pela FIFA como um Clube Clássico brasileiro, sul-americano e mundial, fazendo parte do hall de grandes clubes desta federação futebolística internacional. No Ranking da CBF está na 16ª posição; no Ranking da CONMEBOL detém a 59ª posição, figurando em ambos, como o clube nordestino mais bem colocado do Brasil e da América, respectivamente. Tem uma rivalidade histórica com o Clube Náutico Capibaribe, donde o confronto entre ambos é conhecido como o Clássico dos Clássicos, sendo este o terceiro clássico mais antigo do país; com o Santa Cruz Futebol Clube, cujo confronto é denominado de Clássico das Multidões; e com o América Futebol Clube, onde duela no Clássico dos Campeões.

Praia de Boa Viagem


Ponto de encontro de várias tribos – crianças, jovens e idosos de todas as classes sociais -, sendo a praia urbana mais Conhecida da cidade do Recife. Tendo aproximadamente sete quilômetros (7 km) de extensão de areias claras, coqueiros e um mar de águas verdes, é delimitada pela Praia do Pina em um lado e pela praia de Piedade do outro. A maior parte da praia de Boa Viagem é protegida por uma barreira de recifes naturais, os quais deram nome à cidade. No extenso calçadão, há quiosques padronizados, pista de Cooper, chuveiros, quadras de vôlei e equipamentos para musculação.

Na maré baixa, formam-se várias piscinas naturais ao longo da praia; também durante a maré baixa, é possível andar sobre os recifes, que são relativamente planos e largos (mas escorregadios). Quando a maré sobe, os arrecifes ficam completamente cobertos pela água.




Um dos pontos mais concorridos da praia é o trecho entre as ruas Félix de Brito e Melo e Antônio Falcão, em frente ao Edifício Acaiaca onde se encontram moradores das proximidades e os turistas que ficam nos diversos hotéis e pousadas da Região. É o trecho preferido para práticas de caminhada; é a área mais bem equipada e mais bem policiada de Boa Viagem.

Atualmente é proibida a prática de esportes náuticos e surf. Com a construção do porto de Suape o ecossistema foi afetado a ponto de fazer com que tubarões procurem comida perto da orla, ocasionando ataques até mesmo fatais. Por esse fato as autoridades não recomendam o banho além dos recifes, embora tenha sido autorizada no início de 2006 a instalação de uma rede de proteção contra os tubarões. Hoje em dia os ataques são mais raros, e normalmente só acontecem em alto-mar.

Rua da Aurora


Ao longo da margem esquerda do rio Capibaribe, no bairro da Boa Vista, onde antigamente só existia um pântano de propriedade do comerciante Casimiro Antônio Medeiros, sendo este o primeiro a construir naquelas terras, vencendo os alagados que lá existiam.
Toda a região foi aterrada e, em 1806, nascia a Rua da Aurora.  Após a Lei do Ventre Livre, teve o nome modificado para Rua Visconde do Rio Branco, mas o nome que ficou mesmo foi o de Cais da Aurora ou Rua da Aurora.
Tem este nome porque todas as suas casas são voltadas para o leste, a nascente é a primeira a receber os raios do sol (aurora). Começa na Rua da Imperatriz na Ponte da Boa Vista e vai até a Avenida Norte na Ponte de Limoeiro, já no bairro de Santo Amaro.
No número 31, funcionou durante muitos anos a famosa sorveteria Gemba, já na esquina com a Av. Conde da Boa Vista, fica o Edifício Duarte Coelho, onde está localizado o cinema São Luiz, um dos mais tradicionais e antigos da cidade. Até 1936, o Clube Internacional do Recife funcionava no prédio número 265, como na Rua funcionou, também, a garagem de remo do Clube Náutico Capibaribe, o Clube Esportivo Almirante Barroso, a Prefeitura do Recife, o Banco Central e a Fábrica Progresso, antigamente denominada Fábrica Aurora, que fabricava entre outras coisas pregos e lança-perfumes, fundada em 1879, que ficava localizada no final da rua, ao pé da ponte do Limoeiro.

Nos casarios que ficam entre a Avenida Conde da Boa Vista e a Rua Princesa Isabel, projetado pelo engenheiro José Mamede Alves Ferreira, é um cartão postal do Recife. Moravam conhecidas famílias pernambucanas onde há vários prédios de estilo neoclássico, com destaque para os da Secretaria de Segurança Pública, antiga residência do presidente da Província de Pernambuco, Francisco do Rego Barros, o Conde da Boa Vista. Este trecho é fonte de inspiração para vários pintores e poetas, como: Carlos Pena Filho, Joaquim Cardozo, Manuel Bandeira, Mauro Mota e Carlos Moreira. 


Outros dois pontos em grande destaque é o da Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco, que desde 1948, por sugestão do deputado Tabosa de Almeida, tem o nome de Palácio Joaquim Nabuco e o Ginásio Pernambucano, que estão em pleno funcionamento até hoje.






FONTES CONSULTADAS:
FRANCA, Rubem. Monumentos do Recife. Recife: Governo de Pernambuco. SEC, 1977. p.137-147.
MONTENEGRO, Olívio. Memórias do Ginásio Pernambucano. Recife: Assembleia Legislativa de Pernambuco, 1979.

Cinemas de Recife


O primeiro cinema do Recife foi o Pathé, localizado na Rua Nova (antiga Barão da Vitória), nº 45, inaugurado no dia 27 de julho de 1909. Possuía 320 cadeiras e um camarote para autoridades e pessoas importantes. Seus sócios-proprietários eram Antônio Jovino da Fonseca e Francisco Guedes Pereira. Os filmes exibidos pertenciam à Pathé-Frères, fundada por Charles Pathé. As sessões aconteciam no horário das 12h às 16h e das 18h às 22h.
A partir de 1910, passou a exibir, além de filmes, alguns flagrantes locais filmados pela própria empresa. Menos de quatro meses depois surgiu um novo cinema na cidade: o Royal, também situado na Rua Nova, nº 47, pertencente à firma Ramos & Cia. Os dois cinemas passaram a disputar o público recifense. O Royal exibia sete filmes, o Pathé colocava oito na sua programação.
O Pathé, no entanto, fechou antes de 1920. O Royal teve uma vida de mais de 40 anos. Fechou suas portas no dia 1º de julho de 1954.
O Royal foi um dos mais tradicionais cinemas da cidade, sendo considerado o templo sagrado do cinema pernambucano, na década de 1920, quando pertencia ao português Joaquim Matos. Nos lançamentos dos filmes do Ciclo do Recife, como Retribuição, jurando vingar, Herói do século XX, Aitaré da Praia e A filha do Advogado, o cinema era todo enfeitado com bandeirolas, folhas de canela no chão e a patrocinava a exibição de bandas de música para o seu público.
No dia 26 de junho de 1910, foi inaugurado na rua da Imperatriz, nº 59, o teatro e cinema Helvética, de propriedade de Girot & Cia. “Um cassino familiar”, como gostavam de apregoar seus donos, que ajustava sua programação exibindo, além de concertos de variedades, filmes nos fins de semana. Possuía uma orquestra regida pelo maestro Dinis e servia sorvetes e refrescos em mesas colocadas no jardim, ao lado da sala de projeções. Em 1930, o Helvética passou a ser um centro de diversões chamado de Centre Goal.
O Polytheama, localizado na Rua Barão de São Borja, no bairro da Boa Vista, foi inaugurado em 25 de outubro de 1911, sob a direção do escritor Eustórgio Vanderley. Era chamado pelos estudantes da época de “Polypulgas”. Em 1932, passou a pertencer à empresa de Luiz Severiano Ribeiro. Nessa época também existia um cinema ao ar livre, o Siri, que projetava anúncios e filmes intercalados, de um sobrado para uma tela. Localizado na Praça da Independência, foi fechado pela Polícia no governo Dantas Barreto, “a bem da moral”.
A partir de 1913, o Teatro de Santa Isabel funcionou também como cinema e era considerado na época o melhor do Recife, o que possuía a “projeção mais clara, fixa e nítida” entre os cinemas da cidade. A primeira sessão ocorreu no dia 14 de junho de 1913, em grande estilo, com a inauguração no Recife, de um novo cinematógrafo, um aparelho inventado em 1895 pelos irmãos Lumière, capaz de produzir numa tela o movimento, por meio de uma sequência de fotografias. Havia sessões noturnas diárias e matinês aos sábados e domingos.
Comodidade e conforto eram as vantagens apontadas pelo público diante dos concorrentes. Mesmo sem possuir iluminação elétrica, que só foi instalada três anos depois, era considerado o cinema “mais confortável e higiênico do Brasil”. Podia-se assistir a uma série de dez filmes, com direito à banda de música no intervalo das exibições, nas instalações luxuosas do teatro, por apenas três mil réis, dez vezes menos do que se pagava por um espetáculo de ópera.
O Moderno, que a partir de 1915 passou a funcionar também como cinema, foi inaugurado como teatro, em 15 de maio de 1913, no bairro de Santo Antônio. Seus primeiros proprietários foram o coronel Agostinho Bezerra da Silva Cavalcanti e Carneiro da Cunha & Cia.





O Teatro do Parque, localizado na Rua do Hospício, nº 81, foi inaugurado no dia 24 de agosto de 1915 e passou a funcionar também como cinema a partir de 1921. Construído pelo Comendador Bento Luís de Aguiar, foi arrendado por Luiz Severiano Ribeiro em 1929, que no dia 24 de março de 1930, inaugurou naquela casa de espetáculos o cinema sonoro no Recife, com o filme A divina dama. Em 1915, surgiu ainda na cidade o Cine Ideal, localizado no Pátio do Terço, nº 61, no bairro de São José. Este cinema tinha uma particularidade: possuía 250 assentos de primeira classe e 217 de segunda classe.
O cinema Glória, famoso pelas suas sessões da tarde, ficava situado na Rua Direita, nº 127, também no bairro de São José e sua inauguração ocorreu no dia 4 de setembro de 1926, com a exibição do filme “Flores, mulheres e perfumes”. Tinha como seu maior público os frequentadores do Mercado de São José e da Praça Dom Vital. Em 1922, o Recife contava ainda com o cinema Brasil, na Rua Imperial, o São José, no pátio do Mercado de São José e, em 1932, funcionavam ainda os cinemas de bairros: Espinheirense, Encruzilhada, Pina e Central.



Na década de 1930, foi inaugurado na Rua Visconde de Irajá, no bairro da Torre, o Cine Torre, que teve grande movimentação de público, mas só sobreviveu até o final dos anos 1960. Na década de 1940, foram inaugurados no Recife os cinemas Art Palácio e Trianon, no centro da cidade, mas ambos depois de uma fase áurea de público fecharam suas portas.
O cinema São Luiz, pertencente ao grupo de Luiz Severiano Ribeiro, foi inaugurado no térreo do Edifício Duarte Coelho, no dia 7 de setembro de 1952, com modernas e luxuosas instalações. Foi palco de grandes eventos, lançamentos de filmes e era um local muito frequentado pela sociedade recifense. No dia 3 de outubro de 1953, à meia-noite, realizou-se a estreia nacional do filme pernambucano, O canto do mar, dirigido pelo cineasta Alberto Cavalcanti. Cinemas mais recentes como o Veneza, na Rua do Hospício e o Astor e o Ritz, localizados próximos ao Parque 13 de Maio, também tiveram sua época na cidade, mas já faz algum tempo, fecharam suas portas. O progresso, o advento da televisão, do videocassete e do DVD interromperam a trajetória de crescimento das salas de projeção na cidade e foram os responsáveis pelo fechamento de muitos cinemas da cidade.
Em 1968, existiam em Pernambuco cerca de 101 cinemas, sendo 28, só na cidade do Recife. Hoje, só sobrevivem salas de projeção de filmes em shopping centers da cidade.

Fonte:
GASPAR, Lúcia. Cinemas antigos do Recife. Pesquisa Escolar On-Line, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. 2011.

Locais Interessantes em Recife - parte 3

Fundação Gilberto Freire
Hoje funcionando como museu, a casa da Fundação Gilberto abriga o legado intelectual do mestre Apipucos, produzido e reunido por ele.
Endereço: Rua Dois Irmãos, 320 – Apipucos.




Igreja do Carmo              
Nossa Senhora do Carmo é a padroeira do Recife desde 1919, sua construção foi finalizada em 1767 em terras do antigo Palácio da Boa Vista e executada por Maurício de Nassau, por isso é em estilo barroco. A imagem da santa pode ser contemplada em tamanho natural no altar da basílica, além da pinacoteca no anexo da igreja, com pinturas do século XVIII.
Endereço: Avenida Dantas Barreto, s/nº - Santo Antônio




Mercado de São José
O Mercado de São José foi inaugurado em 1875 e possui a mesma arquitetura neoclássica dos mercados europeus da época. Trata-se de um dos principais mercados públicos municipais. Seus boxes abertos diariamente, 542 no total, possuem uma imensa diversidade de produtos e serviços: roupas, frutas, carnes, folhetos de cordel, produtos de umbanda e candomblé, jogos de búzios e tarô e muito mais. E tem mais: pra quem quer uma fotografia de recordação, tem os tradicionalíssimos fotógrafos “lambe-lambe”, já quase extintos.
Endereço: Praça Don Vital, s/nº - São José.


Oficina de Cerâmica     
Integrar a natureza com as obras do mestre da Várzea, este é o cenário desta oficina de 15 mil metros quadrados. O artista que dá seu nome à oficina misturou, logo no pátio de entrada, totens, lagos e colunas, dando forma a uma arquitetura harmoniosa. São cerca de duas mil esculturas, pinturas e cerâmicas espalhadas por todo o local.
Endereço: Propriedade Santos Cosme e Damião – Várzea.




Parque da Jaqueira
O Parque da Jaqueira se destaca pela grandiosidade das coisas. Pista de cooper de 1.000 m, ciclovia de 1.100 m, pista de bicicross de 400 m, pista de patinação de 600 m. Localizado em área nobre, diversos eventos são realizados em seu interior, que também abriga a Capela de Nossa Senhora da Conceição, em estilo barroco. Essencial para quem quer manter a forma, quem é adepto a esportes radicais. Possui ainda diversas árvores frutíferas e ornamentais, playground, área verde e vários jardins projetados pelo paisagista Carlos Belani.
Endereço: Avenida Rui Barbosa.

Ponte Limoeiro              
Através da ponte Maurício de Nassau, a primeira ponte em grandes dimensões do Brasil, erguida pelo governante do Brasil Holandês de mesmo nome em 1644, podemos vislumbrar a paisagem do Rio Capibaribe e sobre o seu leito as pontes 12 de setembro (construída no local da primitiva ponte Giratória), Buarque de Macedo e, já no extremo norte da ilha do Recife, a ponte do Limoeiro (por onde passavam os trilhos da estrada de ferro do Limoeiro).
Endereço: Centro de Recife.

Praça de Apipucos         
Na Praça de Apipucos, encontramos um dos mais conservados conjuntos arquitetônicos que, com sua igreja e o açude a formar um grande lago, bem retratam a paisagem característica das povoações localizadas na zona rural do Recife do século XIX.



Recife Antigo   
A capital pernambucana está em constante efervescência, assim como o ritmo que a consagrou – o frevo, capitaneada pela revitalização do Bairro do Recife, área onde teve início a formação da cidade. Uma das maiores realizações do então prefeito do Recife, Jarbas Vasconcelos, foi a revitalização do Recife Antigo. Com apoio da iniciativa privada, os casarões do século passado foram restaurados, assim como o calçamento, a iluminação e o ajardinamento, sem desrespeitar a arquitetura e a tradição do bairro. O local foi tombado e elevado à condição de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, para nascer com um novo conceito em matéria de serviços, comércio e lazer, abrigando em casarões centenários um complexo de bares, boates, galerias e casas de show. O bairro foi refúgio dos primeiros judeus a chegarem à América e o maior centro econômico de Pernambuco até o início do século. De portas abertas todos os dias da semana, com muitos restaurantes abrindo para almoço, o Recife Antigo é o point da juventude nas sextas e sábados à noite e uma ótima pedida de happy-hour para executivos do centro de Recife. O bairro também oferece aos visitantes a oportunidade de se ter uma bela visão das pontes que cruzam o Capibaribe, por onde são realizados passeios de catamarã à noite ou de dia, saindo do Marco Zero.

Teatro Santa Isabel       
Em homenagem à princesa Isabel, nasce em 18 de maio de 1850 mais um teatro em Recife, em estilo neoclássico: Teatro Santa Isabel. A riqueza impera no seu interior, com seu salão nobre, espelhos de cristal, jarros franceses e telas do pintor Murilo La Greca. Mas você não pode deixar de ver um objeto em especial, o único móvel original: um piano no palco que escapou do incêndio de 1869.
Endereço: Praça da República, s/n, Santo Antônio.

Uma Pausa Para o São João

Origem da fogueira
De origem europeia, as fogueiras juninas fazem parte da antiga tradição pagã de celebrar o solstício de verão. Assim como a cristianização da árvore pagã "sempre verde" em árvore de natal, a fogueira do dia de "Midsummer" (25 de dezembro) tornou-se, pouco a pouco na Idade Média, um atributo da festa de São João Batista, o santo celebrado nesse mesmo dia. Ainda hoje, a fogueira de São João é o traço comum que une todas as festas de São João europeias (da Estônia a Portugal, da Finlândia à França). Uma lenda católica cristianizando a fogueira pagã estival afirma que o antigo costume de acender fogueiras no começo do verão europeu tinha suas raízes em um acordo feito pelas primas Maria e Isabel. Para avisar Maria sobre o nascimento de São João Batista e assim ter seu auxílio após o parto, Isabel teria de acender uma fogueira sobre um monte.junio Camargo.

O uso de balões
O uso de balões e fogos de artifício durante o São João no Brasil, está relacionado com o tradicional uso da fogueira junina e seus efeitos visuais. Este costume foi trazido pelos portugueses para o Brasil, e ele se mantém em ambos lados do Atlântico, sendo que é na cidade do Porto, em Portugal, onde mais se evidência. Fogos de artifício manuseados por pessoas privadas e espetáculos pirotécnicos organizados por associações ou municipalidades tornaram-se uma parte essencial da festa no Nordeste, em outras partes do Brasil e em Portugal. Os fogos de artifício, segundo a tradição popular, servem para despertar São João Batista. Em Portugal, pequenos papéis são atados no balão com desejos e pedidos. Os balões serviam para avisar que a festa iria começar; eram soltos de cinco a sete balões para se identificar o início da festança. Os balões, no entanto, constituem atualmente uma prática proibida por lei em muitos locais, devido ao risco de incêndio.
Durante todo o mês de junho é comum, principalmente entre as crianças, soltar bombas, conhecidas por nomes como traque, chilene, cordão, cabeção-de-negro, cartucho, treme-terra, rojão, Buscapé, cobrinha, espadas-de-fogo.

O mastro de São João
O mastro de São João, conhecido em Portugal também como o mastro dos Santos Populares, é erguido durante a festa junina para celebrar os três santos ligados a essa festa. No Brasil, no topo de cada mastro são amarradas em geral três bandeirinhas simbolizando os santos. Tendo hoje em dia uma significação cristã bastante enraizada e sendo, entre os costumes de São João, um dos mais marcadamente católico, o levantamento do mastro tem sua origem, no entanto, no costume pagão de levantar o "mastro de maio", ou a árvore de maio, costume ainda hoje vivo em algumas partes da Europa.
Além de sua cristianização profunda em Portugal e no Brasil, é interessante notar que o levantamento do mastro de maio em Portugal é também erguido em junho e a celebrar as festas desse mês — o mesmo fenômeno também ocorrendo na Suécia, onde o mastro de maio, "majstången", de origem primaveril, passou a ser erguido durante as festas estivais de junho, "Midsommarafton". O fato de suspender milhos e laranjas ao mastro de São João parece ser um vestígio de práticas pagãs similares em torno do mastro de maio. Em Lóriga a tradição do Cambeiro é celebrada em janeiro.
Hoje em dia, um rico simbolismo católico popular está ligado aos procedimentos envolvendo o levantamento do mastro e os seus enfeites.

A Quadrilha
A quadrilha brasileira tem o seu nome de uma dança de salão francesa para quatro pares, a "quadrille", em voga na França entre o início do século XIX e a Primeira Guerra Mundial. A "quadrille" francesa, por sua parte, já era um desenvolvimento da "contredanse", popular nos meios aristocráticos franceses do século XVIII. A "contredanse" se desenvolveu a partir de uma dança inglesa de origem campesina, surgida provavelmente por volta do século XIII, e que se popularizara em toda a Europa na primeira metade do século XVIII.
A "quadrille" veio para o Brasil seguindo o interesse da classe média e das elites portuguesas e brasileiras do século XIX por tudo que fosse a última moda de Paris (dos discursos republicanos de Gambetta e Jules Ferry, passando pelas poesias de Victor Hugo e Théophile Gautier até a criação de uma academia de letras, dos belos cabelos cacheados de Sarah Bernhardt até ao uso do cavanhaque).
Ao longo do século XIX, a quadrilha se popularizou no Brasil e se fundiu com danças brasileiras pré-existentes e teve subsequentes evoluções (entre elas o aumento do número de pares e o abandono de passos e ritmos franceses). Ainda que inicialmente adotada pela elite urbana brasileira, esta é uma dança que teve o seu maior florescimento no Brasil rural (daí o vestuário campesino), e se tornou uma dança própria dos festejos juninos, principalmente no Nordeste. A partir de então, a quadrilha, nunca deixando de ser um fenômeno popular e rural, também recebeu a influência do movimento nacionalista e da sistematização dos costumes nacionais pelos estudos folclóricos.
O nacionalismo folclórico marcou as ciências sociais no Brasil como na Europa entre os começos do Romantismo e a Segunda Guerra Mundial. A quadrilha, como outras danças brasileiras tais que o pastoril, foi sistematizada e divulgada por associações municipais, igrejas e clubes de bairros, sendo também defendida por professores e praticada por alunos em colégios e escolas, na zona rural ou urbana, como sendo uma expressão da cultura cabocla e da república brasileira. Esse folclorismo acadêmico e ufano explica duma certa maneira o aspecto matuto rígido e artificial da quadrilha.
No entanto, hoje em dia, essa artificialidade rural é vista pelos foliões como uma atitude lúdica, teatral e festiva, mais do que como a expressão de um ideal folclórico, nacionalista ou acadêmico qualquer. Seja como for, é correto afirmar que a quadrilha deve a sua sobrevivência urbana na segunda metade do século XX e o grande sucesso popular atual aos cuidados meticulosos de associações e clubes juninos da classe média e ao trabalho educativo de conservação e prática feito pelos estabelecimentos do ensino primário e secundário, mais do que à prática campesina real, ainda que vivaz, porém quase sempre desprezada pela cultura citadina.
Desde o século XIX e em contato com diferentes danças do país mais antigas, a quadrilha sofreu influências regionais, daí surgindo muitas variantes:
"Quadrilha Caipira" (São Paulo)
"Saruê", corruptela do termo francês "soirée", (Brasil Central)
"Baile Sifilítico" (Bahia)
"Mana-Chica" (Rio de Janeiro)
"Quadrilha" (Sergipe)
"Quadrilha Matuta"
Hoje em dia, entre os instrumentos musicais que normalmente podem acompanhar a quadrilha encontram-se o acordeão, pandeiro, zabumba, violão, triângulo e o cavaquinho. Não existe uma música específica que seja própria a todas as regiões. A música é aquela comum aos bailes de roça, em compasso binário ou de marchinha, que favorece o cadenciamento das marcações.
Em geral, para a prática da dança é importante a presença de um mestre "marcante" ou "marcador", pois é quem determina as figurações diversas que os dançadores devem desenvolver. Termos de origem francesa são ainda utilizados por alguns mestres para cadenciar a dança.
Os participantes da quadrilha, vestidos de matuto ou à caipira, como se diz fora do Nordeste (indumentária que se convencionou pelo folclorismo como sendo a das comunidades caboclas), executam diversas evoluções em pares de número variável. Em geral o par que abre o grupo é um "noivo" e uma "noiva", já que a quadrilha pode encenar um casamento fictício. Esse ritual matrimonial da quadrilha liga-a às festas de São João europeias que também celebram aspirações ou uniões matrimoniais. Esse aspecto matrimonial juntamente com a fogueira junina constituem os dois elementos mais presentes nas diferentes festas de São João da Europa e outros países na minha cidade de almenar atanbem é muito populosa com grandes festas de quadrilha

Outras danças e canções
No nordeste brasileiro, o forró assim como ritmos aparentados tais que o baião, o xote, o reisado, o samba-de-coco e as cantigas são danças e canções típicas das festas juninas.

Costumes populares
As festas juninas brasileiras podem ser divididas em dois tipos distintos: as festas da Região Nordeste e as festas do Brasil caipira, ou seja, nos estados de São Paulo, Paraná (norte), Minas Gerais (sobretudo na parte sul) e Goiás.
No Nordeste brasileiro se comemora, com pequenas ou grandes festas que reúnem toda a comunidade e muitos turistas, com fartura de comida, quadrilhas, casamento matuto e muito forró. É comum os participantes das festas se vestirem de matuto, os homens com camisa quadriculada, calça remendada com panos coloridos, e chapéu de palha, e as mulheres com vestido colorido de chita e chapéu de palha.
No interior de São Paulo ainda se mantêm a tradição da realização de quermesses e danças de quadrilha em torno de fogueiras.
Em Portugal há arraiais com foguetes, assam-se sardinhas e oferecem-se manjericos, as marchas populares desfilam pelas ruas e avenidas, dão-se com martelinhos de plástico e alho-poró nas cabeças das pessoas principalmente nas crianças e quando os rapazes se querem meter com as raparigas solteiras.
No nordeste brasileiro, O forró assim como ritmos aparentados tais que o baião, o xote, o reisado samba-de-coco e as cantigas são danças e canções típicas das festas juninas.

Simpatias, sortes e adivinhas para Santo Antônio
O relacionamento entre os devotos e os santos juninos, principalmente Santo Antônio e São João, é quase familiar: cheio de intimidades, chega a ser, por vezes, irreverente, debochado e quase obsceno. Esse caráter fica bastante evidente quando se entra em contato com as simpatias, sortes, adivinhas e acalantos feitos a esses santos:
Confessei-me a Santo Antônio,
confessei que estava amando.
Ele deu-me por penitência
que fosse continuando.
Os objetos utilizados nas simpatias e adivinhações devem ser virgens, ou seja, estar sendo usados pela primeira vez, senão… nada de a simpatia funcionar! A seguir, algumas simpatias feitas para Santo Antônio:
Moças solteiras, desejosas de se casar, em várias regiões do Brasil, colocam um figurino do santo de cabeça para baixo atrás da porta ou dentro do poço ou enterram-no até o pescoço. Fazem o pedido e, enquanto não são atendidas, lá fica a imagem de cabeça para baixo. E elas pedem:
Meu Santo Antônio
Para arrumar namorado ou marido, basta amarrar uma fita vermelha e outra branca no braço da imagem de Santo Antônio, fazendo a ele o pedido. Rezar um Pai-Nosso e uma Salve-Rainha. Pendurar a imagem de cabeça para baixo sob a cama. Ela só deve ser desvirada quando a pessoa alcançar o pedido.
No dia 13, é comum ir à igreja para receber o "pãozinho de Santo Antônio", que é dado gratuitamente pelos frades. Em troca, os fiéis costumam deixar ofertas. O pão, que é bento, deve ser deixado junto aos demais mantimentos para que estes não faltem jamais.
Em Lisboa, é tradicional uma cerimónia de casamento múltiplo do dia de Santo António, em que chegam a casar-se 200 a 300 casais ao mesmo tempo. Esta "tradição" começou nos anos do salazarismo, e desapareceu com a revolução de 74. Voltou a reaparecer há uns anos, promovida por uma cadeia de televisão.