Um Caminhar pela História do Recife - Parte 02

2ª parte composta pelo: Gabinete Português de Leitura, Jornal do Commércio, Arquivo Público Estadual, Praça Dezessete, Igreja do Espirito Santo, Fórum Thomaz de Aquino:
1 - Gabinete Português de Leitura
Em meados do século XIX, a maioria dos jovens portugueses que vinha ao Recife era originária das aldeias e muitos chegavam aqui analfabetos e desinformados, em busca de melhores condições de vida. Os que já haviam conseguido uma boa posição, sentindo-se responsáveis pelos outros, tiveram então a ideia de criar um local onde todos pudessem se encontrar para trocar informações sobre as famílias que haviam ficado em Portugal, receber cartas e ler jornais e livros portugueses. Procurando uma solução, o Comendador Miguel José Alves, na época, Chanceler do consulado de Portugal no estado, foi o primeiro a pensar na possibilidade de em Gabinete Português de Leitura em Pernambuco. Porém, se ao Comendador cabe o mérito da elaboração da ideia, coube ao cirurgião e jornalista João Vicente Martins a honra de fundar, em 3 de novembro de 1850, constituir a primeira diretoria, reunir os primeiros associados e viabilizar a instalação, em 15 de agosto de 1851, do Gabinete Português de Leitura de Pernambuco, em seu primeiro endereço, na Rua da Cadeia Velha, Recife. Em 1909 o Gabinete Português de Leitura fixou-se definitivamente no local onde tem a sede atualmente na Rua Imperador D. Pedro II, 290, num terreno que comprou em esquina com a Rua Siqueira de Campos e onde construiu o majestoso prédio. Localizado em área grande valor histórico e arquitetônico perto da Capela Dourada e ao Palácio do Campo das Princesas, o Gabinete Português de Leitura tem um salão que é aberto para conferências literárias ou científicas e no seu hall pintores costumam fazer exposições. O Gabinete é um dos monumentos mais importantes da presença portuguesa no Recife.
2 - Jornal do Commércio
Fundado em 3 de abril de 1919 pelo jornalista, empresário e político paraibano Francisco Pessoa de Queiroz. É parte integrante do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação, um conglomerado de veículos de comunicação que conta ainda com a TV Jornal, Rádio Jornal, JC/CBN Recife e o JC OnLine (todos situados no Recife),além dos veículos localizados no interior do Estado como a TV Jornal Caruaru e a rede Rádio Jornal (presente em Caruaru, Garanhuns, Limoeiro, Pesqueira, Petrolina). Figura entre os periódicos de maior credibilidade do Brasil e já conquistou ao longo de sua história muitos dos principais prêmios nacionais destinados ao setor de comunicação, como o Esso Regional Nordeste, Fiat Allis, Vladimir Herzog, Imprensa Embratel, Unisys e José Reis de divulgação científica, entre outros. A publicação também é recordista absoluta do Prêmio Cristina Tavares, maior reconhecimento jornalístico pernambucano, com dezenas de troféus em texto, arte, foto e desenho. Entre os reconhecimentos mundiais, estão o Prêmio Desertificação: Uma Ameaça Global, conferido pela ONU, o da International Library of Photography e vários reconhecimentos no News Page Design (que elege as melhores capas de jornais do mundo).
3 - Arquivo Público Estadual
Quando o Palácio do Campo das Princesas foi reformado, no ano de 1922, foram jogados milhares de documentos (considerados apenas como "papéis velhos") no rio Capibaribe, que pertenciam ao acervo histórico do Estado, e que vinham sendo arquivados desde a administração do Conde da Boa Vista, ano de 1842. Diante da própria necessidade, foi no governo do Desembargador José Neves Filho - interventor federal no Estado de Pernambuco -, no dia 4 de dezembro de 1945, que o Arquivo Público Estadual (APE) foi criado, mediante o Decreto-Lei 1.265. Isto pretendeu dar um basta à destruição dos documentos do Governo, e abrir um espaço para todos os indivíduos que desejassem consultá-los. O acervo vem crescendo desde sua criação, com conteúdo diversificado, que mostra a história de várias formas, por jornais, manuscritos, fotos, livros e outros. Destaque para os documentos manuscritos do período colonial (séc. XVI a XIX), e mais de 12 mil títulos de jornais e obras raras dos séculos XVI a XX.
4 - Praça Dezessete
Fica entre as ruas do Imperador, São José e a margem do Rio Capibaribe, Recife, num local antes denominado Pátio do Colégio, porque era vizinho ao Colégio dos Jesuítas. Depois da expulsão dos holandeses, o governo da Capitania instalou-se ali e o local passou a ser chamado de Pátio do Palácio. Foi denominada, também, Praça Pedro II e, finalmente, passou a Praça Dezessete, numa referência ao movimento republicano de 1817. Em 1846, foi instalada na praça uma fonte de mármore, com estátua de índia representando a nação brasileira, fabricada em Gênova, Itália. Estão registrados nessa praça: o feito de Santos Dumont, inventor do avião, e a travessia aérea do Atlântico Sul, realizada por aviadores portugueses que chegaram ao Recife a 05/06/1922. Também existe ali uma imagem de Ícaro, figura da mitologioa grega cujo pai (Dédalo) chega à Sicília com asas artificiais, enquanto ele afogou-se no Mar Egeu.
5 - Igreja do Espirito Santo
Na gestão do presidente da província de Pernambuco, José Bento da Cunha e Figueiredo (1852-1856), a Irmandade do Divino Espírito Santo, ciente de que o presidente tinha interesse em restaurar a abandonada igreja do antigo Colégio dos Jesuítas a ele se dirigiu através de ofício para solicitar a entrega daquele templo à Irmandade. O pedido enumerava algumas condições, entre elas restaurar a Igreja com a invocação e título do Divino Espírito Santo. Em 10 de julho de 1855, José Bento despachou o ofício concordando com a solicitação desde que as instalações do segundo andar do Colégio, onde funcionara a cadeia, fossem reformadas para abrigar o Tribunal da Relação. A Irmandade concordou e, em 27 de julho de 1855, o presidente da província ordenou ao presidente da Comissão de Higiene Pública a entrega das chaves da Igreja do antigo Colégio à Irmandade do Divino Espírito Santo. Dessa forma, e realizados os consertos mais urgentes, em 8 de setembro de 1855 “transladou a Irmandade do Divino Espírito Santo da Igreja da Conceição dos Militares para a sua própria, o seu divino padroeiro, em solene procissão, conduzido o S.S. (Santíssimo) sob o palio e exposto no trono do Espírito Santo durante o Te Deum, ao recolher da procissão” (PIO, 1960, p. 33).
6 - Fórum Thomaz de Aquino
Registra a história que o Tribunal de Justiça de Pernambuco passou a existir mediante o alvará de D. João VI, de 6 de fevereiro de 1821. À época, foi denominado Tribunal da Relação de Pernambuco e instalou-se num espaço dentro do antigo Colégio dos Jesuítas do Recife, em 13 de agosto de 1822. A sede do Tribunal foi transferida algumas vezes: do Colégio dos Jesuítas passou para o imóvel do antigo Erário (demolido em 1840), depois para o Palácio do Governo, em 12 de julho de 1838. Voltou para o Colégio dos Jesuítas, funcionou na Cadeia Velha, na rua do Imperador, até a sua extinção em 8 de janeiro de 1892, data em que fora criado o Superior Tribunal de Justiça. A partir de então, funcionou num prédio que ficava entre o atual Arquivo Público e a Secretaria da Fazenda até ocupar o imponente Palácio da Justiça, localizado na esquina da Rua do Imperador Pedro II, com frente para o jardim da Praça da República.
FONTES CONSULTADAS: VAINSENCHER, Semira Adler. Arquivo Público Estadual de Pernambuco. REVISTA DO ARQUIVO PÚBLICO, Recife, 1º semestre, 1946. ILVA, Leonardo Dantas. Pernambuco preservado: histórico dos bens tombados no Estado de Pernambuco. Recife: [s. n.], 2002. 266 p. MENEZES, José Luiz Mota; REINAUX, Marcílio. Palácio da Justiça. 2. ed. rev. e ampl.Recife: Gráfica e Editora Liceu, 1997.

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