Mercado de São José

É um dos vinte e quatro mercados públicos do Recife.  Localizado no bairro de São José, é o mais antigo edifício pré-fabricado em ferro no Brasil, com a mesma estrutura neoclássica dos mercados europeus do século XIX.
O local onde foi montado o Mercado de São José abrigava antes o Sítio dos Coqueiros, depois chamado Largo da Ribeira do Peixe. No começo do século XIX, o governador de Pernambuco Dom Tomaz José de Melo ordenou a construção, no largo, do Mercado da Ribeira do Peixe, onde eram comercializadas várias mercadorias para o consumo da cidade do Recife.
Em 1891, a Câmara de Vereadores do Recife encomendou o projeto de um mercado para a região. Foi projetado pelo engenheiro da Câmara Municipal do Recife, J. Louis Lieuthier, em 1871, que se inspirou no mercado de Grenelle em Paris, e construído pelo engenheiro francês Louis Léger Vauthier, bem conhecido dos pernambucanos. Chegou aqui em 1839, aos 24 anos, com um diploma da Escola Politécnica de Paris de engenheiro de pontes e calçadas, trazido pelo atual presidente da província Francisco do Rego Barros, o Conde da Boa vista. Participou de forma ativa de vários projetos como o Teatro Santa Isabel e construção e reconstrução de edifícios e estradas. Vauthier passou mais seis anos e voltou a Paris por causa da deposição do Conde, em 1846.
O Conde da Boa vista queria realmente transformar Pernambuco numa Paris. Tinha decidido modernizar e higienizar Recife, trazendo muitos engenheiros, matemáticos, construtores de pontes, edifícios públicos, obras hidráulicas e topográficas da Europa. A cidade ganhava vida e um progresso nunca visto. A província de Pernambuco despontara como uma das mais importantes do Império português. Em 1865, foi designado presidente da Província do Rio grande do Sul, acumulando as funções de comandantes das Armas, estando àquela província já envolvida na Guerra do Paraguai.

A obra do Mercado de São José começa em 1872 e vai até 7 de setembro de 1875, sendo inaugurado por João Pedro Carvalho de Morais, o atual presidente da província, e assim chamado por ter sido edificado no bairro de São José.  Passou desde a sua criação por algumas reformas, como a de 1906, cujas obras duraram dez meses e a de 1941, quando foram colocados os cobogós de cimento, em substituição às venezianas de madeira e vidro. Ambas modificaram a sua feição original, mas deixaram intacta sua estrutura de ferro. Em 1985, o projeto de restauração do Mercado foi apresentado à imprensa. A obra seria resultado de uma parceria entre a Prefeitura da Cidade do Recife e o IPHAN, a ser executada com o financiamento da Caixa Econômica Federal. Em novembro de 1989, com a restauração quase concluída e quando já se anunciava a sua inauguração, um grande incêndio destruiu o pavilhão norte do Mercado. Pela primeira vez, em 114 anos de existência, o São José fechava as suas portas. Vieram tempos difíceis para os comerciantes que ali trabalhavam e para os frequentadores, tão acostumados ao burburinho característico do lugar. Somente em 1994, com os trabalhos de recuperação totalmente concluídos, o Mercado foi reinaugurado e Recife teve de volta um dos seus mais belos monumentos históricos, lugar de uma estonteante diversidade de sons, cheiros e cores; palco de histórias e memórias da cultura pernambucana.
Em 17 de dezembro de 1973, o Mercado de São José foi tombado pelo IPHAN e, assim, considerado Patrimônio Histórico Nacional. Ele passou a ser reconhecido como um monumento nacional, que integra o patrimônio cultural do Brasil, pois se constitui num já raro exemplar da arquitetura típica do ferro no século XIX.
Antigamente, lá se apresentavam mágicos, acrobatas, ventríloquos, ouviam-se sons de pandeiros, zabumbas, cavaquinhos e sanfonas e havia muitos tipos populares, hoje, em grande parte, ausentes do local. O Mercado já foi o maior centro no Recife de cantadores, emboladores e da literatura de cordel.

Hoje, quem visita o Mercado, além de apreciar uma bela arquitetura que ocupa uma área de 3.541 metros quadrados com seus dois pavilhões, 545 boxes cobertos e 80 compartimentos na sua área externa, além de 24 outros destinados a peixes, 12 a crustáceos e 80 para carnes e frutas, é também, um local onde se encontra o melhor do artesanato regional, folhetos de cordel, ervas medicinais, artigos para cultos afro-brasileiros, como um lugar para os amantes da culinária nordestina. É lá que se pode apreciar o sarapatel, a macaxeira com carne de charque, a galinha à cabidela, a tapioca, o queijo coalho assado na brasa, e tantas outras iguarias. Importante centro de abastecimento do bairro de São José e um ponto de atração turística na cidade do Recife. Enfim, quem passeia pelas ruas do Mercado de São José tem a oportunidade de conhecer um belo patrimônio histórico e de assistir a uma grande exposição da cultura pernambucana. 


FONTES CONSULTADAS:
HÉLIO, Mário. Pesquisador quer vida nova para o Mercado de São José. Jornal do Commercio, Recife, 7 set. 1995. Caderno C, p.1.
SANTOS, José Batista dos. Pernambuco histórico, turístico, folclórico. [Recife: s. n.], 1989. p.283-284.
SILVA, Geraldo Gomes da. O Mercado de São José e sua arquitetura. Arquivos, Recife, n.2, p. 137-188, dez. 1977.
GASPAR, Lúcia. Mercado de São José. Pesquisa Escolar On-Line, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. 2011.
NASCIMENTO, Sinésio Roberto de.  Mercado de São José:  história e cultura popular. Recife: Fundação de Cultura da Cidade do Recife, 2005. 
SILVA, Geraldo Gomes da. O Mercado de São José. Recife: Fundação de Cultura Cidade do Recife, 1985. 82 p. il. (Coleção monumentos do Recife, v. 3). 
SMITH, Robert Chester. O Mercado de Peixe da Vila do Recife. In: _____. Igrejas, casas e móveis: aspectos de arte colonial brasileira. Recife: UFPE; Rio de Janeiro: IPHAN, 1979. 

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